A ‘mediocridade’ desconstruída
Na última semana, participei da reunião de pais que acontece a cada fim de bimestre na escola dos meus filhos. Acompanhando a reunião na turma do meu filho mais velho, a professora relatou eventos de bullying e muita insegurança de algumas crianças, comportamentos pontuados nas interações dessas crianças com o interessante projeto LIV (Laboratório Inteligência de Vida), trampo bem legal que envolve ensinar inteligência emocional para a molecada, pra quem não conhece pesquisa aí. Confesso que eu gostaria de ter tido algo semelhante na minha época de escola.
Voltando um pouco aos casos de bullying relatados, uma das meninas que tinha um belo cabelo crespo comprido, acabou tendo que cortar o cabelo pois as outras colegas faziam chacota com o cabelo dela. Tudo isso relatado pela própria mãe da garota. Não sei se a ação tomada de cortar o cabelo da criança foi a correta, já que assim a menina já fica implicitamente condicionada a se “moldar” para as conveniências da sociedade.
Eu, particularmente, não me encaixo no perfil do multifuncional, influenciador, superprodutivo, superempreendedor, superfocado, ou qualquer outro superlativo apresentado pelas pessoas nas redes sociais, acho até que estou na escala de mediocridade que não interpreto na negatividade da palavra, mas na normalidade do ser. É, nem todo mundo é gênio.
E me preocupo muito em como criar filhos que possam não ser “brilhantes”, e que vão encontrar um mundo que me parece cada vez mais feito para você ‘ser’ mais o que os outros querem, do que ser o que realmente você ‘é’. Precisamos deixar crianças serem crianças, formar inteligência emocional é primordial mas devemos rever alguns conceitos do mundo atual, entender porque temos tantos adultos ‘doentes’. Temos uma grande gama de pessoas que estão literalmente “pirando” nesse mundo louco de muita cobrança e pouco apoio, e quiçá, humanidade.
Um mundo volátil, desconhecido, complexo e ambíguo, deve ter espaço para todos, e de preferência, todos com boa saúde mental e que possam ser inseridos da forma que ‘são’, poder ser quem ‘é’, sem sofrimento. ;)